Caminhei até ti, Mãe, pelos caminhos que me ensinas-te!
O Sol queimou, o asfalto ferveu, meus pés venceram. Caminhei com a perseverança no coração, com os olhos no fim do trilho, com a certeza do teu amor.
Pobres pés, que suportaram a odisseia, mas que se portaram tão bem que mais entendo ser uma graça Tua Mãe.
A confiança em vencer, as dores que esperava e não aconteceram, a “comodidade” como cheguei, fazem-me pensar que me carregas-te ao colo, aligeiraste o caminho, obrigado Mãe do Céu, obrigado!
A sensação boa da Tua companhia, o olhar o céu e sentir-te olhando-me, fez de mim um peregrino com fé, um caminheiro do coração doce, da alegria vivida.
Sabes Mãe, às vezes sentia que a dor me faltava, que algo eu precisava para expiar minhas faltas, fortalecer o meu querer, a minha fé, mas se Tu Mãe entendeste assim…, aceito!
Fiz preces, a Ti, pedindo a Tua intercessão, sei que sou atendido, seguramente não o mereço.
Quando caminho, faço da solidão a minha força, do silêncio o meu alimento, das dores a expiação…, para que a caminhada seja a preparação para a palavra, oração, e assim “beber”, deixar-me banhar por toda a mística, toda a espiritualidade que encontro em Fátima.
Quando eu voltar, porque assim prometi, Te peço mãe querida, que não me poupes às dores, não me facilites o caminho, porque só dessa forma eu conseguirei imaginar um pouquinho o quanto sofreu Teu filho Jesus.
Ajuda Mãe do céu, todos aqueles que não crêem, não vos adoram, não vos amam, iluminai-os, abri seus corações, e permiti que lhes seja dado ver, observar toda a obra criadora de Deus.
Também a mim, Mãe, permite que eu Te contemple, Te ame, Te adore, e com isso eu possa ter o privilégio de minhas preces serem escutadas pelo filho de Deus, Jesus Cristo.
Quando caminhei ate TI, senti alegria, Te falei, entreguei minhas intenções, meu coração se encheu de alegria, senti o valor de estar só, de me forçar a estar só, talvez me convertendo no eremita do caminho. Sinto cada vez mais o apelo à solidão, ao silêncio, que tanto preciso.
No meu silêncio perante o piso irregular da estrada, contornando armadilhas, pensando, reflectindo na pequenez das areias do chão, me imagino tão próximo delas, qual grão de areia no universo das coisas.
Procurei paz, refugiei-me dos truculentos de espírito, dos “fazedores” de ruído, dos algozes das nossas alegrias, daqueles que nunca te “viram”, que nunca te procuram, e que tudo fazem para que caiam no ridículo, todos aqueles que oferecem suas dores pela fé que buscam e alimentam.
Pelo caminho, pelas areias que me magoaram os pés, pela solidão, pelo silêncio, pela grandeza da contemplação da obra de Deus, pela paz encontrada na oração, pela minha vontade de me converter num eremita do coração em devoção ao Teu Imaculado Coração de Maria, eu voltarei a pisar as calçadas, o asfalto, o terreno arenoso, as subidas, as descidas, as rectas, a chuva, o sol, o vento…, tudo aquilo que me seja dado suportar para que enquanto caminho, eu Te encontre em cada dor sentida no meu corpo, em cada lágrima, em cada gemido meu, pois assim eu redimirei as mágoas, angustias, e… pecados que atormentam a minha alma.
Ámen!