Os meus dias
estão angustiados, os meus tempos estão complicados.
Uma mistura
de sentimentos percorre meus pensamentos, uma sensação de quente e frio, a
modos que um sabor acre-doce.Tenho momentos em que me sinto a modos que um verme, hoje é esse o momento.
Luto por me convencer, por afastar esse sentimento de mim, a vontade de me magoar é imensa.
A sensação da solidão que me invade a alma, como a noite que cai inexoravelmente é mais que muita.
Tenho a sensação que o meu tempo não é este, que estou talvez ou muito à "frente" ou então coabito alegremente os tiques dos trogloditas. A dificuldade de sublimar as palavras, a incapacidade ou falta de condição para retardar o pensamento para que os outros me acompanhem, me magoa.
Estarei doente? talvez!!!
Uma tristeza me invade, a melancolia é ,minha companheira, a sensação de incompreensão para comigo é tão grande... será que estou errado? ou então estamos todos possuídos por um stress estupido?
Não gosto de ser o antidepressivo dos outros, embora tenha a consciência do meu dever de ser solidário, mas que cansa, cansa.
Cansado de ser a modos que o "balde do lixo" dos maus afectos dos outros, eu luto para que me seja dado por Deus a força, a paciência quanto baste para que eu seja sempre o porto de abrigo do ser meu vizinho e meu irmão.
Por vezes sinto-me uma ilha cujas ondas de revolta varrem sua encosta..., eu sou assim, desgastado pela erosão de uma "correnteza" doentia.
Responsável eu me sinto, e já não tenho por aqui alguém que em tempos me escutava, sem que eu corresse o perigo de não ser entendido. Talvez me falte o colo, o afecto de mãe que já não tenho.
Rodeado de dificuldades eu tento arranjar os meios, as ferramentas com as quais eu tento vencer a correnteza que assola meu coração, minha alma e o meu ser.
Porque ainda não cai, não adoeci não sei, mas que meu anjo da guarda é amigo, lá isso é, nunca me abandona, eu sinto.
Procuro ser esperançoso, ser divertido, e de bom senso, rir de mim porque não, mas não venço a tristeza, a solidão que estão no fundo do meu "quarto-escuro". Disfarço mal, mas tento!
Talvez eu tenha algo para "pagar", que talvez seja kármico, sei lá, seja como a historia do monge condenado pela eternidade a rolar penosamente uma pesada pedra montanha acima, para logo de seguida no seu topo ela rolar montanha abaixo, e assim pela eternidade.... serei o monge da historia?
Um vontade de auto-abandono, uma vontade de me deixar cair pelo não amor-proprio, sentir-me feio, desarrumado, e desleixado, parece ser uma boa terapia.
Porque tenho eu que experimentar a carência afectiva, e encontrar resposta nos aspectos mais básicos e anti-socias? Será rebeldia espiritual? Grito de sufoco? Não sei!
Peço a Deus que me ilumine o pensamento, aclare as ideias, e não permita que a vontade de estar bem me abandone.
Há momentos, tal como o que agora experimento que só me apetece estar só, mesmo à custa de privações , e volto a sentir o apelo do eremita.
Não sei se falo claro, mas sinto que não me entendem de primeira, quase tenho que "desenhar " o pensamento, a modos como quem tem a obrigação de sêr básico, elementar na expressão. Porquê?
Estarei doente? Talvez!
A minha sensação é de quem é agredido, e estar de mãos amarradas sem direito a se defender, sem quer ser egoísta eu aguento, mas seguramente estou a sêr patético.
Peço a Deus, que me dê a resiliência necessária, para que não deixe de entender, ajudar o meu sêr a se construir na capacidade de escutar pacientemente quem de mim se acerca e me magoa, mesmo que involuntariamente.