Se eu soubesse como não ficar triste...

Se eu soubesse como não ficar triste....,
Se eu soubesse como poder sorrir....sempre, como seria bom.
Talvez meu ADN esteja errado em algum sitio, ou "lugar".
Se eu soubesse como impedir que a noite caia, eu talvez pudesse ser mais linear.
Mas não, eu não sei como superar tudo isso. Não sou desses poderes que veem da criação.
A noite me traz a melancolia, a vontade de chorar, e lembrar tudo aquilo que não consigo ser...ou ter. A noite tortura o meu ser, como quem abre rasgos em corpo vivo!.
Uma sensação de vazio percorre minhas entranhas,  mais parecendo querer abrir espaço para a "festa" que sei nunca ir acontecer.
Podia dormir, podia forçar a mente a esquecer, mas uma força estranha me impele a suportar o que me faz doer.
Dou frequentemente por mim a "voar" por cima de todos os ninhos que alguma vez possam existir, assim a modos como quem tem a capacidade de deixar este "casaco" que minha alma carrega, para traz. Não nego que me sinto bem nesse momento.
Mas, como tudo, nada é eterno, tudo é volátil, é como assim dizer como o fumo....vê-se, sente-se, mas... não se agarra!.
Não sei se sou um viciado, um dependente do síndrome da tristeza, mas que não consigo vence-la, é um facto.
Ainda hoje não entendo porque minha espiritualidade é assim..., uma vontade mórbida de auto suplicio.
Surpreende-me como a dor me faz sentir calmo, e esperançoso... estranho esta coisa, esta forma de estar acordado, vivendo os "rasgões",  os cortes da alma..., talvez a atração pelas "laminas" que retalham meu pensamento seja responsável por isso.
Tenho uma estranha vontade de querer arrancar do corpo aquilo que sei estar entranhado ate ao mais profundo de meu ser.... a melancolia, a luta pela não capitulação perante as adversidades que os sentimentos nos infligem.
Recuso-me a fazer de conta, não quero ser mais um numero para a estatística dos acomodados, resignados.
Eu sou assim, não me construi a mim próprio, herdei das forças da natureza este caracter, e, talvez seja kármico, e assim tenha que continuar a ser, como quem arrasta uma pesada bola de  ferro presa num tornozelo encosta acima, para de seguida reverter encosta abaixo.
Peço a Deus que me ajude a entender, a ter uma razão para assim ser, e acima de tudo "corrija"  em mim esta anormalidade que sei vir do mais profundo de meu ser.
Afasta de mim esta tentação que me induz ao estado de "não utilidade" , de "não necessário", querendo se jogar fora, tal como a chicla que perdeu o açúcar após ter sido mastigada.