Dá cá a mão..., Jorge!!! ou o companheirismo do coração?
Fui em
peregrinação ate Fátima no passado dia 8 de Out a 13 de Out de 2012.
Uma caminhada
rica de contemplação, de interioridade espiritual. Caminhei certo, na cadência de quem sabe o que tem para fazer, e o tempo disponível para tal empreendimento.
Não stressei, não forcei, e esperançoso lá fui 'comendo´ quilómetros.
Procurei descobrir em mim o eremita que carrego, procurei sentir o valor da solidão, e assim contemplar a obra de Deus, sentir a minha pequenez em todo o processo da Criação.
Estou certo que atingi esses objectivos, senti a disposição dos erguidos, dos crentes, senti a bênção do Divino. E senti mesmo!!!!.
Naturalmente o cansaço me apertou, as dores nas pernas e pés, se manifestaram, mas resiliente eu teimei, e obstinado continuei, a minha perseverança se manteve!
Do caminho fiz a minha cruz, do cansaço a minha esperança, das ardências da fronte martirizada, quer pelo suor, quer pela chuva, fiz a minha devoção!
Rezei, ofereci dores, fiz preces, o terço foi minha companhia.
Esta caminhada de 200 km, tinha um objetivo principal..., a acção de graças pelas bênçãos recebidas no corpo e saúde de meu filho Rómulo.
Não esqueci contudo todos aqueles que coabitam comigo, nem tão pouco os amigos próximos, nem muito menos aqueles que mesmo distantes precisam que se reze por eles, porque mesmo distantes fazem parte do meu mundo de afectos.
Por todos eu caminhei, orei, supliquei, com a esperança, porque não a certeza, de que sou escutado nos Céus.
Uma hérnia foi minha tortura, assim a modos que um calvário que carreguei até ao fim, reconstrui o meu 'edifício' espiritual, reganhei energia, fortifiquei a minha fé, as bênçãos sobre mim caíram... espero saber merece-las!!!.
Nesta caminha aprendi algo que meu coração empedernido não vislumbrou.
Até então sempre percebi que a peregrinação de preferência deveria sêr um gesto solitário, assim a modos que um busca do nosso eu, da contemplação, e sempre procurei faze-lo sozinho.
Desta vez por razões que só Deus pode saber, a partir do segundo dia de peregrinação encontrei dois companheiros de caminhada.... o Sr. Fernando e o Sr. Jorge oriundos de Viana do Castelo, uma cidade mais a norte do Porto, ou seja, mais 90 km e dois dias de caminho a mais que os que me propus fazer.
O primeiro caminhava pela primeira vez em acção de graça por bênçãos de saúde em si, e o segundo por solidariedade para com primeiro, apesar de não sêr a primeira vez que o fazia.
Esta experiencia veio demonstrar para mim que é possível caminhar acompanhado, mantendo o espirito peregrino do eremita, ou seja.... o respeito foi a tónica de todos nós( os três).
Sem qualquer combinação prévia, caminhamos longos e penosos quilómetros a sós, ou seja sem a companhia próxima uns dos outros.
Dei muitas vezes conta de o 'novato' na peregrinação(Fernando) sêr o mais dinâmico, o mais feliz de que cujo rosto uma luz de paz era irradiada pela alegria da benesse divina recebida, este cavalheiro sempre caminhava na frente, sempre a uma distancia média de 100 a 150 metros, funcionando como estimulo a mim próprio e ao sr Jorge.
De seguida, sempre eu, a meia distancia, e por fim sempre na cauda, com ar mais exausto, ou talvez com mais estratégia de caminhada o Sr. Jorge.
Resumindo por longas horas do dia a caminhar (uma média de 12 horas/dia), a distancia entre o primeiro e o último era em média de 200 a 250 metros, sempre.
Eu, aproveitei sempre o dinamismo do primeiro, e o conforto de não sêr o ultimo.
Notei uma religiosidade notável, um equilíbrio incrível, entre vontades, timings, e energias pessoais disponíveis.
Aprendi com estes dois amigos e companheiros, que afinal posso caminhar em conjunto, desde que saibamos entender o que procuramos, e nós soubemos respeitarmo-nos lindamente, diria maravilhosamente.
Deus sempre nos dá a forma de entendermos e compreender como podemos sêr felizes e bons em companhia.
Quero contudo realçar aqui um pormenor, que aliás dá nome ao titulo, que sempre me fez sorrir, e sentir como a simplicidade de uma expressão pode fazer-nos sentir um quentinho no coração....." dá cá a mão Jorge, anda!!!"
Aqui está como uma amizade pode ficar forte, sólida com uma expressão destas.
Quando era suposto sêr o Sr. Jorge tomar a dianteira, fazer de 'reboque' a todos pela sua anterior experiencia, eis que sempre era ele o atrasado, ou por falta de energia ou gestão de esforço.
Então sempre que a distância se proporcionava, lá estava o Sr. Fernando...." dá cá a mão Jorge, anda!!!"
Este estimulo, este falar que mais me fazia lembrar o socorro dado aos mais atrasados com um sentimento de meiguice, carinho e porque não amor, fazia em mim um efeito bom, um calor no coração que me fazia sorrir e bem dizer a Deus pelas companhias que me foram dadas, e pela amizade, companheirismo que pela alegria de um, pela solidariedade de outro me fez a mim sentir bem entre estes dois sentimentos de um amizade que me fez refletir como é bom caminhar, orando, agradecendo mergulhados no mais puro espirito solidário e fraterno.
Fernando, 'o atleta', Jorge talvez 'o estratega', e eu 'o pendura'.... rsrrs!!!
Dá cá a mão....Jorge, anda!!!, ou o companheirismo do coração???
Obrigado meus amigos, vós me ensinaste que eu estava errado, pois podemos estar unidos, respeitando, e obtendo nossas bênçãos.
Ate à próxima.
1 comentário:
Quando me deparei com o seu Blogg simplesmente me veio ao pensamento o quantas horas de carinho,amor,partilha, entrega ao próximo,introspecção, meditação, procura, ,etc., estão aqui patenteados.
Foi um grande prazer ter convivido consigo. Quanto mais se dá mais se recebe.
MUITO OBRIGADO pelo seu testemunho de vida.
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