Em resposta a comentários gentilmente colocados neste meu blog, que muito agradeço, queria dar satisfação ao pedido feito, de me explicar sobre se Deus é castigador ou não. Faço-o excepcionalmente por este meio, e tendo em conta a consideração desse(a) leitor(a), que sei me lê assiduamente, que muito me apraz registar, mas só o farei por agora. Tenho um mail que podem trocar opiniões e comentários com a minha pessoa, e esse endereço está no tema: "ACERCA DE MIM......"
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Pelos textos que escrevo, pode fácilmente perceber-se que sou de muito alta sensibilidade, um facto!!!.
Embora pecador, sou crente, e temente a Deus, não poderia ser de outra forma, contudo permitam-me escrever algo sobre o castigo ou não de Deus aos homens.
Concordo com o(a) leitor(a) quando diz que Deus não é castigo, porque Ele é misericórdia. Nada de mais verdadeiro, e que partilho.
Contudo, nós humanos, com todas as nossas imperfeições, e imaturidade religiosa, sempre achamos ser mal tratados, ou amados pelo Criador quando algo nos aflige, ou não corre como achamos merecer.
Neste pormenor, podemos comparamo-nos à birra de um filho de menor idade, que sendo por isso juvenil, e até imaturo, faz uma birra, chora, bate-o-pé ao pai, só porque este lhe deu um não, ou por acaso lhe deu uma palmada, que não castigadora, mas de chamada de atenção para um erro cometido. Estou a falar de uma criança, logo de alguém que não entende o castigo, ou repreensão.
Agora, nós, adultos, e falo de mim naturalmente, não fugimos à regra deste comportamento clássico, de amuar, reclamar, e até chorar quando sentimos que Deus aparentemente se esquece de nós.
Estamos na tal relação atrás explicada de filho imaturo (aqui, imaturo em fé!!), que reclama do pai o açoite, ou repreensão recebida, porque não a entendemos.
No meu caso, compreendo perfeitamente o que que o(a) leitor(a) escreve, e partilho dessa visão das coisas.
Agora, diria, que nós, sendo por vezes imaturos em termos de fé, porque não a cultivamos, porque não estudamos os ensinamentos de Cristo, quando nos sentimos fragilizados, em desespero, perdidos, clamando auxilio, seja ele físico ou espiritual, nos sentimos perdidos, e daí falar de castigo de Deus.
Neste contexto, a palavra castigo talvez esteja deslocada, devendo antes falar-se de "porque me abandonaste?".
Ora Deus também não abandona seus filhos, porque os ama, mas é da fragilidade e imaturidade humana esse sentimento.
Quando eu escrevo assim, é o que me vai na alma, mas não levem à letra a palavra castigo, porém é a que me ocorre, e a que senti.
Deus, nos coloca por vezes perante situações difíceis, numa perspectiva de aprendizagem, de companheirismo, de aperfeiçoamento espiritual, afim possamos enriquecer nosso espírito, para o entendimento das coisas e do projecto de Deus que tem para cada um de nós.
Custa, custa mesmo suportar, mas somos humanos, e por isso limitados na nossa capacidade de sofrer, porque não entendemos o sofrimento, como uma forma de redenção de nossas almas, mas sim como uma penalidade.
Pergunto:
Será que a dôr, as amarguras, os desgostos, a doença, é a ferramenta que Deus criou para nos passar a mensagem de o que é terreno é de cá e que o que nós somos é do Pai?.
Será que com isso, Deus nos força a nunca abandonarmos a nossa condição de humanos e logo num nível de desenvolvimento espiritual em fase de aprendizagem?
Será por acaso, que os declarados Santos pela Igreja, têm na sua história de vida terrena, grandes demonstrações de sofrimento, dôr, e devoção aos demais irmãos? Não, não é por acaso. Por isso eles são Santos, porque tiveram a oportunidade de sofrer na carne as maiores privações, porque entenderam nesse facto um sinal de Deus, um apelo do Alto, para as coisas do Pai, e só entende assim, aqueles que têm uma espiritualidade rica, aberta, contemplativa, e observam e compreendem o projecto Divino que lhes está reservado. São Santos!!!.
O comum dos mortais, distraídos com futebois e outras coisas, não entendem isso, e talvez eu mesmo, reconheço humildemente, esteja nesse grupo.... pois não consegui ainda entender o que Deus me reservou, e porque passo privação e dôr. Logo rezo, reclamo, e choro...... peço ao Pai que me alivie o "castigo".....
Quando escrevo, quando rezo e faço preces, faço-o de forma sentida, dirigida, e normalmente debaixo de choro convulsivo.
Não escrevo para entreter, e faço-o numa tentativa de partilha, procurando talvez nisso o conforto de uma palavra, de uma compreensão, e como se estivesse num confessionário colectivo, onde todos falam com todos abertamente de suas mágoas.
Quando escrevo, choro, e sinto a paz, e o conforto de que partilho com todos os irmãos minhas dúvidas, meus anseios, e faço-o sem pudor, porque sou simples, sincero e justo.
Todos estes textos, são preces, são "reclamações" aos céus, mas tenho a consciência que muito do que deve sêr feito, sou eu que não o faço, é da minha responsabilidade, mas..... como humano, não sou perfeito, erro, e ....... queixo-me ao Pai, como o faz o tal menino a quem o papá deu uma surra ou o repreendeu......... mas com a consciência de que a surra foi merecida, ou não sejamos nós pecadores.
Até já .......
1 comentário:
Vc fala dos seus sofrimentos com muita coragem e de maneira tocante.Saiba que tem me ajudado bastante.
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