Sinto o gelo no coração, um vazio profundo, uma rejeição doentia....
Sinto o laço da morte em meu peito, resisto arfando, forçando a respiração. Tenho a vontade do moribundo, a vontade de estar vivo à força.
Preciso sofrer!!!.
Não imagino, não concebo que o amor seja a modos como um interruptor...... "ON" amor ligado "OFF" amor desligado.
Sinto-me a "coisa", aquele "objecto" fora do prazo de validade, aquela "coisa" que era e já foi....não concebo.
A facilidade do ON, a facilidade do OFF.... poxa, esta coisa de electricidade nos deixa chamuscados.
Não consigo fazer ON, porque nunca fiz OFF, estou sempre ON, por natureza e definição. Mas há quem não seja assim!.
A chicla, o doce mascar que já era, é fácil, cospe-se, joga-se fora!!!.
Como posso "desligar" a minha natureza, o que sinto, e dizer ..... " pronto, já era, agora não é mais!!!".
Não consigo, porque não evolui tão rapidamente, não consigo pôr de lado em minutos aquilo que durante anos eu trabalhei, construi.... como se nada tivesse acontecido.
O fácil confunde, a rapidez surpreende, mais parece que o que era, nunca o foi..... incrível!!!.
Não acredito nisso evidentemente. O que me surpreende é o "easy" da questão.... eu sou antigo, não sou "dono das novas" tecnologias, meu sistema não tem esse famoso botão ON/OFF ou o Reset, ainda preciso de tempo para arrumar a cabeça, as minhas coisas.... afinal os "trapos da minha vida".
Oh Deus, onde errei?!!! Poxa, "fala" de uma vez comigo.... vá lá, não te faças difícil.
Sonho a vida, sonho o amor, sinto as forças irem-se, e nem por isso sinto a recompensa do esforço, do querer, do sofrer, da abdicação, do abandono de mim mesmo..... nada adiantou, tudo foi inútil.... poxa, Deus, porquê?
Talvez a mim, não me "construíste" com o famoso botão ON/OFF, ou o de RESET....porquê?!!!!.... não tenho o mesmo direito?
Há como gostava desse botão ON/OFF, sempre seria mais fácil, me tornaria cruel, besta, sanguinário, e absorvedor de afectos. Seria o homem sem dó nem piedade.... o predador dos afectos, o voraz, o facínora dos crueldades.
Sinto-me a mais, sinto a ar falhar, minha cabeça está quente, mais parecendo que caminho no "deserto" da vida..... se calhar....
Já escrevi, tenho dois filhos, já plantei uma árvore, que mais preciso eu? Amo, vivo apaixonado, e mesmo assim não sou feliz...... que mais preciso eu?
O descanso, a paz, e que meus neurónios sejam estabilizados.
Ontem fui a um funeral de pessoa próxima, e por momentos me revi naquele caixão... confesso, que senti inveja por não estar eu ali. Palavra de honra!.
O inútil, o superfulo, o balofo, o mascar e cuspir, o "coiso", o "fora-de-prazo", eu sou isso tudo.
Só falo, filosofo, mas..... depois de palavras nada fica.... só o silêncio, a solidão..... e alguns amigos, claro que tanta força dão.
Vivo a clausura do coração por amor..... vou transformar-me num eremita do amor.... viverei sonhando, querendo o que já foi..... estúpido que sou.
Insisto na tormenta, sinto a falta do cuidado, da briga, do saber como..... devo estar doente, mesmo de verdade.
Curioso, não tenho perda de visão.... só a mente parece funcionar mais lento, e uma ardência nos olhos me aflige. Sonho..... sonho..... não desisto, porque o .....
" ...Sonho comanda a vida, e quando um homem sonha, a obra nasce".
Não sei se terei tempo, se aguentarei até lá, mas poxa, está difícil.... porquê?
Tantos querem, outros têem, outros nunca souberam do que falo...... amor. Amor, assusta quem?
Oh Deus! bom, que tanto te peço.... porque não me atendes?
Faz com que eu ignore, dá-me a força da indiferença.... ou então mata-me!!!!.
Vou carregar até ao fim da minha vida, o peso dos meus actos e afectos que construi.... que bom que foi e é.... mesmo bom!
Vou guardar em meu peito essa "força", esse sabor a ti, como uma ampola de bem fazer..... relembrarei todos os momentos.... os choros e risos, alegrias e tristezas....
Oh! Deus, sinto-me preparado, gostava "partir" com esta sensação de bem estar, de "sabor a ti".... não te esqueças de mim.... eu mereço!!!.
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