Vivo as sensações estranhas do exilado do coração no meu próprio corpo.
Tenho a sensação do desajustado, daquele que é, mas que nunca o foi..., estranho!!!.
É uma sensação esquisita, de amor-ódio pelo que sinto, por mim próprio, algo que me está a acontecer e não deveria, não podia têr acontecido.
Vivo a sensação do amor bandido, daquele amor que parecendo bom, me faz tanto sofrer, me martiriza, me sacrifica a alma.
Este amor bandido, que me faz pagar bem caro a ousadia de ter amor, querer amor e sentir a sua perca.
Podemos têr fome, frio, ou até de mal físico sofrer, mas posso garantir-vos que sofrer da alma, do coração, do afecto é bem difícil, bem penoso.
Esta dôr, que não é física, é por isso mesmo uma dor sem limite, porque extravasa nosso corpo, intemporal porque não se limita a uma hora especifica do dia, e terrível, porque não há remédio, cura para tal.
Vivo este tempo, e sinto que não sou deste tempo. porque o que sinto já não se usa, está fora de moda, está em queda, pertence ao passado, cheira a mofo, é quase caquetico.
Mas eu sou assim, o tempo fora de tempo, e por isso sofro, choro, e me torturo.
Porque sou assim? porque não sou feito de pedra, porque deixo que o sentimento se apodere de mim?
Eu não sou deste tempo, sou do "outro" tempo, daquele tempo em que amar é....
-Cuidar do outro.
-Saber do outro.
-Preocupar-se com o outro.
-Chorar no seu colo, pelas dores do outro.
-Rir pelas vitorias do outro.
-Confirmar se o outro Está bem.
-Pensar no outro.
-Desistirmo-nos de nós pelo outro
-..... e que o outro seja eu, e eu o outro!!!!!
Eu vivo o tempo errado, e meu coração não aceita, sempre me faz viver como ele (coração..) quer, e não como a cabeça manda, afinal, quem comanda nossos passos?
A cabeça? ou o coração?
Penso que o coração., porque ele é o sitio do amor, do bem querer, e ele (coração..), não quer saber de vai haver dôr ou alegria... só quer saber dele (coração..).
Será uma ditadura de coração? Não sei, mas de facto não me consigo libertar dessa força, desse querer, dessa tortura, que é viver hoje, um tempo que não é o tempo do meu tempo.
Mas eu não me importo, e vou deixar esse pobre coração viver como ele entende, deixar que todos os seus caprichos se cumpram, haja a dor que houver, afinal para que serve o corpo?
Se a felicidade é imaterial, não tem contornos, peso ou quaisquer medidas, e pode ser eterna, porque havemos de nos preocupar com o corpo que é finito?
O coração fala do eterno, daquilo que não se vê mas sente, e nem que o corpo sofra, nem que as lágrimas corram.....eu deixarei sempre o coração "falar" por mim, porque sei que o que vem do coração, só pode ser amor.
Mesmo que eu seja trôpego, talvez caquetico, "bota-de-elástico" até....eu serei pelo amor, e lutarei por ele sempre, haja o que houver, mesmo que meu corpo possa morrer.
O meu tempo, não é deste tempo, mas eu sou amor.
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