O tempo das indignidades, existe, eu vivo-o.
O tempo da ingratidão, existe eu sinto-o.
O tempo da pocilga, existe, eu cheiro.
O conceito "chicla", o efeito mascante, lascivo, acri-doce, o salivar de uma vida..... reduzida a uma chicla, reles, e ordinária.
Mesmo sabendo que faz mal a saude, à carie, nós sempre "mastigamos", gostamos de trincar a dignidade dos outros. Aparentemente o nosso canibalismo se transferiu do acto puro e genuíno de comer, para a aniquilação da dignidade.
O conceito papel-higiénico, limpo antes, sujo depois.
Nossa vida, se compara a isso mesmo....... limpos antes, sujos depois.
A chicla de nossas vidas, o mascar enquanto há açúcar, o cuspir fora quando cansa...... a dignidade aqui não entra.
Dar tudo, mesmo quase a vida, e não chegar? Porque?
Fazer tudo, de tudo, dar tudo, e não servir de nada....... basta não alimentarmos a besta, absorvedora de recursos.
Somos triturados, rilhados, e só os ossos ficam..... num corpo macilento, onde a jovialidade
perdida num processo semi-industrial de produção de frustações, desgostos, e atrocidades....que nem a dignidade poupa.
A besta, está esfomeada, carente de tudo, devoradora de almas incautas, que acreditam na salvação..... a besta não dorme... está a postos, esperando o desfalecimento do corpo.
Viver de, e para, e mesmo assim não chega, porque..... pronto, não chega. Questões para quê?
Aponta-se o dedo, acusa-se, encontra-se o culpado...... afinal a besta não pode desfalecer por falta de alimento.
Vendemos a alma ao demo, a troco de trinta moedas, qual o preço a pagar pela garantia das migalhas caídas da mesa da besta.
Os tempos vão ruins, de sofrimento e indignidades.... e só a alma nua e crua nos resta.
Estamos nus, em estado larvar, já que fomos despojados de tudo..... até do nosso direito à indignação.
Não importa se definhamos, ou nos amesquinhamos, pois o importante é a besta....... se ela está bem..... que queremos nós mais?
O puzzle, o xadrez da vida...... a torre avança em linha, o cavalo "come" em L, o Rei vai a todas, o ...... peão esse....... só come às arrecuas.... é a regra, são as leis ditadas pelo fazedor do jogo.
Ele é criador, arbrito , e jogador.... tem sempre as cartas melhores à mão, não vá precisar delas para viciar o jogo..... e não tem discussão. É assim e pouca conversa!.
O baile da vida, o baile dos debutantes, onde nós entramos e nem sabemos como sair.
O cheiro é nauseabundo, a pocilga agita-se, os porcos estão inquietos...... ninguém sabe quem é o próximo a abater, para acabar fatiado numa qualquer e vulgar "sandes" de presunto.
A vida, é assim, uns se vendem, outros compram...... ninguém é dono de ninguém..... mas parece.
Sinto o vómito do enjoo pelo cheiro sentido, porque a chafurdice é mais que muita. Afinal os porcos são mesmo assim!!!.
Vamos olhando, e sentindo que nunca saberemos quando é que a besta fica saciada, e a pocilga se acalma...... não podemos permitir que os porcos vençam!.
Não ao "Triunfo dos Porcos"!!!!!!.
A lei divina vencerá, porque nós viemos dela, e talvez estejamos a ser postos à prova perante a adversidade.
Temos que fazer um esforço para sentir que a fé não se perde, antes se conquista, e só os momentos de privação fazem com que sintamos a necessidade de buscar em Deus a força, a coragem para manter a dignidade em pé, a fé robustecida, e a sensação de vitória sobre todas as formas que o Demo assume.
O demo tem formas diversas nos nossos tempos, e temos que estar atentos para que não sejamos tomados de assalto, já que em cada esquina.....há um demo que espera por nós!.