Não sei que dizer, como falar disto, mas tenho esta questão em mente, faz tempo.
Vivi nos últimos tempos dias difíceis, bem doridos, carregados de sofrimento, quer físico quer psicológico.
Sempre pensei que a melhor maneira de sermos gratos, humildes e não arrogantes, seria a de visitar um hospital todos os meses. Entraríamos altivos, sairíamos humanos.
Amar, é a condição que Deus nos põe como desafio, como caminho, destino até, mas como amar?
Sentir amor no coração talvez nao seja só o amor platónico, não, mas também aquele amor do gesto, do abraço, do ser solidario.
Amar algo, por uma razão sentimental séria, profunda é de facto divino, mas deixem-me falar de outro amor..... o da soliriedade, o da fraternidade, o do darmo-nos aos outros, amando-os.
Sentir amor, desejar alguém é lindo, é nobre, é humano sim, mas não está implícito sofrimento a menos que seja opção nossa, escolher a dôr como forma de viver amando.
Agora queria falar de um amor, daquele amor que pelo sofrimento físico, quer pela doença, quer pela carência social, alguém reclama dos demais.
Sofrer na carne, na alma a tortura de uma doença em corpo alheio, numa tentiva ainda que vã de minimizar a dôr, não evitando contudo a morte, é quanto a mim um acto sublime de amor, porque é exactamente esse sofrimento, essa carência que funciona como argamassa de um amor que acaba se manifestando numa entrega carregada de simbolismo e bem-querer.
Será que o sofrimento é a "ferramenta" que Deus encontrou para "vergar" os homens na sua arrogância?
Quando fazemos de uma fase de nossa vida, um acto de heroicidade, de entrega, sacrifício, de renúncia a nós mesmos, a bem de um outro que está necessitado, talvez estejamos vivendo o "grito" o chamamento de alerta para o amor verdadeiro. Há quem lhe chame .... Voluntariado!.
A coragem, o alheamento a momentos susceptíveis que podem sêr de grande incomodo para nós, como por exemplo na higiene intima de uma pessoa, e se o fazemos de coração aberto, com alegria e com a sensação de paz interior....diria que estamos a viver um momento de amor.
Quando amamos, podemos sofrer sim, mas com gestos, atitudes que nós mesmos inventamos, criamos que podem ou deveriam ser evitados, mas quando amamos alguém que está sofrendo com doença, ou outra forma de carência, adquirida pelo destino....eu poderia dizer que estamos sendo convidados por Deus a mostrar o amor real que Ele nos ensinou, entregando-nos ao outro, promovendo a sua dignidade, o seu direito ao amor, e a ser bem tratado.
Isso é amor!!!.
Como nada na vida é acaso, acidente, ou coisa frutuita, eu tenho para mim, que o sofrimento é a "passadeira" que Deus estende à nossa frente para ser percorrida, assim nós saibamos entender, melhor, o que fazemos, de onde viemos e para onde vamos.
O sofrimento é a possibilidade que Deus nos dá, para a nossa tomada de conscienccia de humanos, frageis, dependentes e nunca solitários, para que sempre tenhamos presente que sós não valemos nada, e em união seremos bem mais felizes, mais próximos da mensagem de Deus.
Sofrimento pode sêr carência de amor, e o apelo divino a mostrar-mo-nos realmente filhos de Deus.
Amar é sofrimento, sofrimento é amar!.
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