Clausura..... Minha Amiga. 02/04/09

São 22,31, uma hora igual a tantas outras, mas para mim não, esta hora é a hora do diabo.

É a hora de todas as tentações, de todas as exaltações, de todas as raivas, de todas as emoções, de todas as maldições, de todas as violências reais e imaginárias..... é a hora do diabo!!!.

Estou só, fechado num compartimento empedernido, frio, e desconfortável...... tá fresco, tenho meu casaco vestido, mas não chega.

Só a minha cabeça está quente, o meu cerbero(será que tenho...????!!!!) está a ferver, parece ter aumentado de volume. Lateja, pulsa ao ritmo cardíaco, sinto nas têmporas o coração!!!.

Minha cabeça parece ter aumentado de peso e volume, os olhos ardem, as lágrimas são salgadas....

Penso na minha vida, num ápice vejo o filme, rebobino e vejo de novo, procuro vêr onde falhei.

Tudo tão certinho, tudo no carril, como se costuma dizer, e eis que senão quando menos pensamos, zaz-que-trapaz, caí o céu, as estrelas, a lua, os astros fora o que ainda nem sabemos o que vem a a caminho.

Caprichos da vida, voltas da vida, a vida dá e tira, nada é nosso, nem mesmo o hábito de respirar.

Tenho sono, uma sensação de abandono, uma sensação de algo que esmaga, nos faz sentir um verme, aquele que se não estiver, ninguém vai dar por isso. Sinto o abandono dos órfãos.

Sensação de perca, de ficar mais pobre, não fora alguns bons amigos, e eu estaria rastejando...

Sinto-me a coisa usada, mastigada, e jogada fora, não sirvo para mais nada, como o "caco", a velharia, usado, cansado, o que "já foi", o "artista" no filme morre sempre no fim.

Deus da compaixão, das tormentas sem fim, dos desgostos eternos, das dores profundas, escuta este servo, produz nele a paz, o equlibrio, o bem de coração.

Não permitas que odeie, que pragueje, mostre rancor..... perdoa-me quando falho, quando me deixo abater pelo peso do "madeiro"...., afinal sou frágil que nem o esvoaçar de uma borboleta.

Vem em meu auxilio, aquece meu coração, dá sentido à minha existência, perdoa meus pecados, torna-me um caminheiro de paz, fé e amor.

Hoje vivi horas amargas, aliás, venho vivendo!!!.

Hoje, senti o apelo, o chamamento, o filme de terror invadiu minha cabeça, as personagens estavam lá todos, perfilados, aprumados, prontos a servir sofrimento gelado, qual sel-service de "sabores" amargos, de desgraças anunciadas, e amores mal parados.

Fiquei à porta, não entrei, tive receio não ter dinheiro para pagar a conta, já que esse sel-service tinha serviço requintado. Mas talvez um dia volte!.

Passei as horas do inferno, a caminhada tortuosa, o escaldão da fogaça, e não fora a palavra amiga, eu teria ficado escaldado, ninguém o sabe.

Abatido, no pranto das vitimas, sobre a secretária pousei a cabeça, embebedei os papeis de saliva, senti dor no pescoço pela posição da minha coluna, fechei os olhos e deixei a tortura passar.

Dormi, algum tempo, e agora, pesado, estremunhado, reflicto no filme que está no intervalo..... afinal, é mais longo que imaginava, mas já agora queria saber como acaba.

Deus, das tormentas, aquece meu coração, segura meu braço, fortalece minha auto-estima..... vá, não desistas, afinal, não sou mau diabo como se costuma dizer aqui por estas bandas.

Vem, auxilia, me ampara, me faz ver mais longe, sê meu paliativo na dor, bênção de vida. Te espero, Te desejo, não deixes que alguma vez eu tenha a tentação de vingança, de tirar desforço, de querer ter o que não devo.

Eu estou aqui, eu rezo e oro, eu suplico e choro, a minha desdita, a minha solidão, já que num deserto estou.... e te espero na certeza de que contigo eu serei um vencedor.

Ámen

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